quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A misteriosa ordem das sombras Parte 1


Ola pessoal finalmente venho trazer para vocês a primeira parte da minha nova historia, como havia dito anteriormente essa se trata de uma continuação dos casos do Adrian que agora não esta mais sozinho, conta com a ajuda da sua parceira Samantha uma garota muito inteligente e de certa forma "agitada". 
Espero que gostem pessoal,

vocês podem fazer o download do arquivo pdf logo aqui a baixo


Ou podem ler aqui mesmo nessa postagem, bom espero que gostem e deixem suas criticas que são sempre bem vindas.
Até a próxima pessoal,



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A Misteriosa Ordem das Sombras









Um caso de Adrian Schmitter

Escrito por: Leonardo Paulino


   



    “Mesmo tendo já se passado duas semanas as memorias ainda pairam sobre a minha mente, os pesadelos na madrugada fria, as falsas visões que tentam me convencer que ainda estou lá, Shepared Falls foi e será a minha maior experiência de que o mundo que vivemos com nosso comodismo não passa de uma fachada para algo muito maior, coisas acontecem o tempo todo, coisas das quais não há explicação.
    A dor e o sofrimento foram grandes demais para conseguir apagar da memória, assim como um momento único e especial que fez todo aquele inferno realmente valer a pena, que fez eu ser quem sou agora, finalmente abri meus olhos e consegui sair do lamaçal no qual estava atolado, está tudo tão claro a minha volta, mas meu coração ainda sente a sombra da maldade, essa que reside em todos os corações, uma chama que nunca poderá ser extinta.
     Eu não sei o que poderá vir no dia seguinte, os problemas que irão me cercar, mas sei que estou preparado, vi a mim mesmo pelo lado mais intragável e consegui vencer, sequei as minhas lagrimas e substitui a tristeza por vontade, apesar do passado me perseguir não vou deixar ele me agarrar com a sua mão pútrida novamente.
    Sou um novo homem, um homem que conseguiu sua redenção, eu sou Adrian Schmitter. ”












“Todos estão a nosso favor”











Prologo

Em suas mãos

    Os cidadãos respiram aliviado depois de um longo dia de trabalho, em suas casas quentes e confortáveis depois de um logo banho relaxante discutindo os mais variados assuntos, as ruas estão praticamente desertas contando apenas com um ou dois grupos daqueles que a sociedade gosta de chamar de “desocupados” bebendo uma boa garrava de vinho ou tragando seus cigarros enquanto jogam conversa fora, sempre atentos aos guardas que fazem a ronda noturna, maconha ainda é ilegal.
    Em meio aos grupos na extensa avenida se destaca um homem vestindo um longo sobretudo de tom escuto e um chapéu que remete aos anos sessenta, com a cabeça abaixada e passos calmos ele parece vislumbrar seus próprios sapatos sociais de couro com sinais de um bom desgaste, por um segundo seu caminhar dá uma pausa, erguendo sua cabeça vagarosamente vemos olhos negros serrados porem atentos a tudo que está a sua volta, em seu rosto é possível ver a barba grisalha que está para fazer, sua cabeça inclinasse junto ao seu corpo em um movimento circular como se quisesse gravar tudo aquilo que está a sua volta, o sossego momentâneo que só a noite pode trazer a uma cidade que vive constantemente o caos de seus habitantes sempre apressados e com os egos voltados para si mesmo, ali estava o bom e velho Adrian de volta.
    Ele tira o celular do bolso para conferir as horas, 11:30, ao ver a data que o aparelho exibia lhe veio à mente que já se passava duas semanas desde o caso que mudara sua vida, visitara a cidade maldita com seu amigo Robert e conseguira sair com vida, enfrentara um mal do qual não tinha sequer fé de que existia, e ainda teve seu coração coberto por consolo, com toda certeza aquilo era bom mas não ajudava as marcas que ficariam para sempre na sua mente e no seu coração, por mais que ele tivesse saído de Shepared Falls ela ainda residia em seus sonhos.
    Desde então havia decidido que caminhas sozinho todas as noite pela velha cidade o ajudaria a refletir e quem sabe daqui a algum tempo apagar as coisas ruins vividas da memória, uma tarefa que ele sabia que não conseguiria fazer, continuando sua calma caminhada ele se pergunta como estaria a doce Victoria que não via desde a pequena festa que os pais da garota deram, na ocasião estava linda e exuberante como sempre, suas mãos faziam menção de ligar, mas no meio do caminho acabava desistindo, afinal Adrian a faria lembrar de tudo que ocorreu a duas semanas atrás, e isso não era uma boa coisa, muito cedo para reencontros.
    Sem sombra de dúvidas o mais afetado pela situação era seu amigo Robert, passar pelo que o pobre homem passou não era algo que qualquer um suportaria, ele é forte vai dar a volta por cima, procurava pensar o detetive preocupado com o estrago mental que ele poderia ter sofrido.
    Apesar de tudo o velho detetive havia mudado, álcool e cigarros jamais iriam voltar a tocar sua boca, estava liberto e sentia-se com a saúde revigorada mais do que nunca, tinha folego para correr uma pequena maratona e não mais exalava cheiro de whisky por onde passava, uma das valiosas recompensas que ganhou.
    Agora estava de frente do velho prédio onde residia seu apartamento, apesar da fachada simples era simplesmente reconfortante, sua cama era confortável porem o medo dos pesadelos o faziam penar para agarrar no sono, ainda estava sozinho afinal de contas, sacando um molho de chaves do bolso preparava calmamente a chave que destrancaria a porta do seu refúgio.
    Um estrondo abala o quarteirão – Uma explosão – comenta o detetive com ele mesmo, ecoa pela até então silenciosa cidade gritos de aflição, um cheiro forte começa a se espalhar, desistindo instantaneamente de entrar no prédio Adrian parte na direção de uma pequena clareira que toma cada vez mais força, uma fumaça negra rapidamente começa a tomar forma das redondezas, correndo o mais rápido que seus pés possam aguentar logo ele se depara com uma visão assombrosa.
    Um pequeno prédio de pelo menos quatro andares arde em chamas, de suas janelas já despedaçadas brotam labaredas ameaçadoras que intimidam qualquer um que queira tentar bancar algum tipo de herói:
    - O que está acontecendo aqui? – pergunta o detetive afoito.
    - Não sei dizer apenas ouvimos a explosão, provavelmente a maioria já deve estar morta, foi forte demais         – Reponde uma senhora que usava um lenço cheio de detalhes amarrado a cabeça.
    Os vizinho mais próximo tentam sem sucesso jogar pequenas porções de agua armazenadas em seus frágeis baldes, o socorro chegaria tarde para aquelas vidas que ardiam em chamas, sentindo a dor de ter o corpo transformado gradativamente em cinzas, um remorso misturando com a raiva da impotência toma conta do detetive, esse maldito sentimento que ele correra a anos, depois de tudo ainda insistia em lhe perseguir, apertando fortemente as mãos e abaixando a cabeça seu pensamento o levava a uma palavra, fracasso.
    Algo atrapalha a sua alto flagelação mental, um sussurro em sua mente:
    - Socorro, por favor alguém me ajude – Tose – por favor, socorro.
    - Estão ouvindo isso – Grita Adrian – Ainda tem alguém vivo lá dentro, precisamos fazer algo!
    Todos o olham com uma cara de interrogação, afinal como seria possível alguém escutar um pedido de ajuda vindo do prédio que estava preste a desabar a qualquer momento, o coração do detetive dispara, ele não estava enganado, mesmo que sua mente o ande pregando peças ultimamente aquilo era real demais para que possa ser ignorado.
    Fechando o sobretudo, o detetive arranca o lenço que cobria a cabeça da senhora e o amarra no rosto, corre até onde se encontram alguns dos vizinhos que jogavam agua sem sucesso para tentar aplacar o fogo e joga em si mesmo alguns desses baldes ficando com a roupa completamente encharcada, chutando fortemente a porta de entrada do já decrepito prédio uma onda de vapor seguida de uma intensa fumaça negra fazem os curioso tossirem, hora de entrar.
    Correndo em direção as chamas Adrian se depara com algo como um imenso forno prestes a queima-lo a qualquer momento, em sua cabeça a voz ecoa desesperadamente mais forte, não a muito tempo, subindo alguns vãos de escada ele sente o pedido de socorro cada vez mais forte, seus olhos lacrimejam e a respiração fica cada vez mais difícil, o barulho de coisas caindo vem de todas as direções, ele temia que uma dessas coisas fosse a escadaria desmoronando, seu corpo soltava o vapor da agua que jogara a pouco, calor intenso, o cozinheiro com certeza acabava de aumentar a temperatura das coisas no lugar, após passar por mais um vão de escadas lá estava um extenso corredor, a voz vinha dali tinha certeza, correndo e com a visão quase nula por causa da fumaça que fazia questão de maltratar cada vez mais seus olhos ele chega até uma porta, apartamento 12, com um chute forte lá estava aberta a passagem para o apartamento.
    Se esgueirando entre os cômodos Adrian grita a procura da voz que pedia sua ajuda, passando por aquilo que um dia foi chamado de sala ele vê uma porta trancada, jogando seu peso sobre ele finalmente ele adentra em um quarto completamente consumido pelas chamas, dentro do quarto uma cena faz com que os olhos do detetive lacrimejem mas não por causa da fumaça maldita, sobre uma cama de casal dorme eternamente dois corpos completamente carbonizados enquanto sobre a beira da cama de costas para o detetive o que parece ser uma garota chora e praticamente já sem forças sussurra pedindo socorro, não a tempo a perder, pegando a garota pela cintura e a levantando, ele parte em direção à porta, uma sensação ruim, jogando o corpo para trás em um reflexo rápido um pedaço de madeira por pouco não o acerta diretamente na cabeça, esse que bloqueia a porta – Droga! – deitando a garota no chão e tirando o seu chapéu  ele o colocando sobre as mãos, o detetive tenta de maneira desesperada remover o objeto, suas mãos ardem o grito de dor é eminente, o esforço toma resultado, afastando a madeira incandescente é hora de pegar a garota e tirar ela dali o  mais rápido possível, algo estranho acontece, as pequenas mãos da menina estão segurando um dos pés da cama:
    - Papai, Mamãe... – sua voz se apaga como a chama de uma lamparina sem combustível.
    Com o coração apertado por um sentimento de intensa tristeza Adrian a segura em seus braços e parte em uma corrida desesperada para fora do prédio enquanto tudo desaba a sua volta, sentindo o corpo cansado e a mente querendo se apagar só lhe resta o desejo de viver e dar a vida de volta a aquela pequena garota, não a mais nada a sua frente, somente o desejo de que ao acordar amanhã tudo aquilo não passasse de uma história com um desfecho feliz, estava próximo, a porta de saída lhe brinda com a vitória de ter feito a coisa certa.
    O olhares dos curiosos estão apreensivos, afinal o rapaz que havia entrado para salvar uma suposta vítima que ainda vivia não havia retornado, sirenes, finalmente o socorro havia chegado, os bombeiros logo se prontificam a afastar a multidão do prédio, enquanto eles gritam – Tem um homem lá dentro! – com o alvoroço as informações chegam que como de maneira codificada, cada um conta sua versão de um simples fato, o fato que um rapaz entrou em meio a chamas para salvar uma vida.
    Preparados os bombeiros estão prestes a entrar quando mais uma grande explosão faz parte do prédio desabar, alguns vizinhos gritam enquanto outros apenas conseguem chorar, o risco é grande demais para alguém conseguir entrar.
    Em meio a fumaça e os escombros uma sombra surge da principal porta de saída do prédio, um homem com o rosto enegrecido pela poeira carrega em seus braços o que parece ser uma jovem garota de seus 12 anos de idade, prontamente eles são socorrido pelos bombeiros e levados a ambulância ovacionados por aplausos de todas as direções.
    Antes da pequena menina entrar na ambulância em cima de uma maca, o detetive vê que seus olhos estão distantes, ela ainda estava consciente, mas não de uma maneira habitual, estava longe, seus pequenos olhos remetiam a duas esmeraldas apagadas por uma cena que jamais esqueceria.
    O detetive a olha por mais uns instante até que finalmente ela é levada para um hospital próximo, muitas ideias passam pela sua cabeça, a voz, como seria possível ela ecoar tão nitidamente na sua cabeça, os dois corpos, como conseguira aguentar todo aquele tempo somente com algumas escoriações, ele não sabia nenhuma dessas respostas, mas de algo Adrian tinha certeza, aquela garota era especial e ele jamais iria querer se afastar dela novamente.







    - Pelos registros, a única família que ela tinha eram os pais que foram mortos no incêndio.
    - Então para onde vão levar ela?
    - Para um orfanato talvez, isso a justiça vai decidir.
Pensamento, barulho de uma gaveta se abrindo, papeis sendo postos.
    - Então depois de tudo ela não tem para onde ir, qual o nome dela?
    - Samantha, Samantha Landow.
    - Posso vê-la?
    - Pode senhor Adrian, mas ela está dormindo.
    - Sem problemas.
    Porta se abrindo, passos.
    - Olá Samantha.
    - Você nunca mais vai ficar sozinha novamente, eu serei sua família a partir de agora...











4 anos depois









Capitulo 1
Mente perdida

    O sol preparasse para o merecido descanso depois de um dia de intenso trabalho, no velho rancho cercado por antigas estacas de madeira e envolto em uma extensa linha de arame farpado que procura trazer um pouco de segurança e conforto para os habitantes de uma velha casa que fica localizada no centro da propriedade, com um telhado feito de lajotas de barro e paredes firmes porem surradas pelo tempo, adentro da humilde casa moveis tão datados como seus moradores, um casal de avançada idade agora tomam uma deliciosa sopa em seus pratos fundos, em uma das cadeiras o um senhor já sem sua preciosa cabeleira assoprava cuidadosamente a sua colher, com um bigode branco as marcas da velhice eram nítidas no seu rosto, acima de setenta anos com certeza, esse era Findley um típico morador do interior com seu macacão bege ele ainda usava suas galochas, o que demonstrava que tinha acabado a instantes seu rotineiro trabalho no rancho e que a fome era maior que sua vontade colocar uma roupa mais confortável.
    A cadeira ao lado se encontrava Lourdes com seu cabelo preso em um coque, apesar de ser uma senhora de idade ficava visível como ela mais nova do que o velho Findley, seu vestido repleto de pequenas flores remetia felicidade assim como seu rosto sempre sereno, esses eram os Micheels, um casal simples com uma vida simples mas feliz.
    Depois de uma refeição saborosa era chegada a hora de repousar em sua cama humilde porem confortável:
    - Hoje foi um dia bem puxado – diz a senhora Micheels ao sentar na cama.
    - Sim querida hoje o trabalho demandou mais do que de costume – o senhor Micheels faz uma careta, as costas doíam.
    - Querido você não acha que deveria contratar alguém para te ajudar nos serviços mais pesados?  Desse jeito você pode acabar se machucando gravemente – Preocupação.
    - Não mesmo, eu não confio nesses jovens, só querem saber de festas, namorar essas coisas, trabalhar nem pensar, estou tendo menos dor de cabeça sozinho – a voz de Fidley era rouca e reverá.
    Lourdes não fez questão de contrariar o marido, sabia que a cabeça dele era tão dura como uma marreta – Quem sabe um dia ele não entende – pensava ela ao deitar na cama, a juventude já havia partido a um bom tempo e logo mais o velho não conseguiria fazer todos os serviços de qualquer forma.
    A noite agora toma conta por inteiro do velho rancho, no quarto do casal somente uma pequena luz está acessa, a senhora Micheels lê um livro enquanto o velho Fidley ronca no mais profundo sono, historias juvenis afinal eles sempre surpreendem com seus contos cheios de ação, romance, suspense com uma dose de violência.
    As estrelas no céu limpo deixam a noite muito mais bonita, aberta a todas as possibilidades, em meio a todos os fatores Lourdes coloco o seu livro em uma pequena mesa ao lado da sua cama, e finalmente repousa sua cabeça sobre o travesseiro, agora era questão de tempo até o sono dominar seu corpo.
    Um forte estrondo faz a velha mobilha balançar assuntando a senhora que quase cai da cama, rapidamente ela começa a chamar seu esposo aos solavancos, acordando com o típico mau humor de uma noite mal dormida:
    - Você ouviu isso, veio lá de fora,
    - Do que você está falando mulher? – o velho ainda se encontrava embriagado pelo sono.
    - A casa toda estremeceu, a mas com quem estou falando, melhor ir lá fora pode ser alguém tentando roubar a gente.
    Ao escutar a palavra roubando o senhor Micheels não pensa duas vezes antes de levantar da cama e sair correndo até o guarda roupa pegando sua velha espingarda:
    - Fique aqui mulher.
    Abrindo a porta com cautela as estrelas são as únicas luzes fracas, mas que não deixam o breu total tomar conta do velho rancho, ainda vestido com seu pijama e grandes sandálias o velho caminha a passos lentos seus olhos são rápidos em averiguar cada região em seu campo de visão, tudo calmo, os cachorros latem ferozmente dando mais apoio ainda a tese da senhora, e se por acaso fossem muitos contra um velho cansado e abatido, mesmo com esses pensamentos ele não poderia deixar de tentar proteger sua velha e seu rancho.
    Fazendo o contorno pela casa tudo continua deserto, um pequeno emaranhado de capim se mexe, institivamente Fidley aponta sua arma na mesma direção:
    - Se tiver alguém ai é melhor sair com as mãos para cima ou eu vou atirar, estou avisando – Ameaça ele enquanto caminha cada vez mais perto na direção do emaranhado.
    Sem obter respostas a cada passo a apreensão do senhor aumenta, seu dedo já está prestes a puxar o gatilho quando uma visão o deixa sem reação, deitado no mato se mexendo está um homem completamente nu, apesar da noite é possível ver seu físico robusto e sua cabeleira castanha clara:
    - Era só o que me faltava, esses jovens agora estão vindo sem roupa e bêbados no meu rancho causar confusão.
    Lourdes apreensiva pela demora no retorno do marido abre uma pequena fresta em uma das janelas da casa para tentar ver o que estava acontecendo lá fora, a cena que vê é de seu marido gritando e apontando sua arma para algo que se encontrava no chão, abrindo a janela ela pergunta ao velho:
    - O que está acontecendo ai fora?
    - Temos um tarado aqui traga uma coberta!
    A senhora Micheels rapidamente pega um lençol de cor azul e vai até o encontro do marido, chegando no local ela o joga por cima do corpo desnudo do jovem rapaz:
    - Será que ele não foi roubado e deixado aqui, ou algum animal o atacou? – questiona a mulher
    - Não vi nenhuma marca de ferimento no corpo dele – diz Findley que se ajoelha com dificuldade no chão e começa a dar pequenos tapas no rosto do rapaz.
    - Vamos rapaz hora de acordar.
    Depois de algumas tentativas, os olhos da mesma cor de seu cabelo começam a se abrir, seu olhar é vago e perdido, na sua face era claro que ele não sabia como foi parar aqui.
    - Onde estou? – sua voz estava fraca
    - Você está no rancho dos Micheels, e por sinal bebeu bastante em camarada não se lembra nem como chegou aqui, qual seu nome garoto?
    O olhar do jovem rapaz começa a mudar, sua feição passa para algo como de confuso para assustado:
    - O gato comeu sua língua rapaz? – O velho parecia ter pouca paciência.
    - Calma querido as vezes foi algum acidente, não sinto cheiro de álcool vindo dele – Lourdes parece preocupada com o pobre rapaz.
    Sentando na grama e coberto pelo lençol ele encara os dois senhores a sua frente, está apreensivo, ansioso, apenas uma frase sai da sua boca:
    - Eu não sei qual o meu nome!










    “...Me perdi no seu olhar mais uma vez, da cor do céu, está presente nos meus sonhos todas as noites, seriam eles a chave para me dizer o que estou fazendo aqui?”

    O dia amanhece no velho rancho, depois de uma noite mal dormida era obvio que o humor do senhor Mcheels estava tão ruim como tal, o rapaz ainda estava lá do jeito que deixaram na madrugada, após colocar algumas roupas do velho nele, acabou por ficar sentado apoiando seus cotovelos na mesa enquanto tentava em vão lembrar seu próprio nome, na noite anterior ele havia contado ao casal que simplesmente acordara ali e não conseguia lembrar de mais nada, de onde havia vindo, se tinha algum familiar e nem o próprio nome, o caso de uma amnesia temporária talvez, porém não pregara os olhos a noite toda, sua mente estava vazia, por mais que procurasse e se esforçasse não havia nenhum resultado, estava assustado.
    Sobre a mesa Lourdes coloca alguns pães junto com um bule cheio de café:
    - Então rapaz ainda nada? Va coma um pouco – dizia ela com um sorriso no rosto.
    - Simplesmente não consigo me lembrar de nada do que aconteceu, quando dei por mim vocês já estavam lá.
    Fidley assenta a mesa:
    - Bom rapaz se alimente depois vamos deixar você em algum posto policial na cidade, afinal pessoas desaparecem todos os dias e muito desses casos é por perca de memória, lá você terá mais chances de achar respostas.
    - Deveríamos chamar ele por algum nome, até que se lembre o seu próprio não acha – a senhora pensa por alguns instantes – Gregory o que acha?
    O rapaz sorri e acena com a cabeça enquanto devora já o segundo pão.
    - Então Gregory, vamos para o rancho trabalhar um pouco comigo hoje?
    - Seria uma ótima ideia, é uma maneira de retribuir o que vocês fizeram por mi até agora – O rapaz se levanta disposto.
    Saindo em direção ao norte do rancho caminham Gregory e Findley enquanto Lourdes olha atentamente para os dois, em sua mente o questionamento de o que estava acontecendo ali.
    Se passam três dias no rancho dos Micheels, a afinidade entre Gregory e os dois senhores ficam maiores e ao sentarem na mesa para a janta o rapaz resolver dizer sobre algo que estava sonhando nesses últimos dias:
    - Ultimamente ando sonhando com uma garota de olhos azuis e cabelos loiros, seu rosto não é tão nítido mas eu sinto que tem algo nela que poderia me ajudar a saber mais sobre mim mesmo.
    - Uma namorada, irmã talvez – se pergunta a senhora Micheels.
    - Não faço a mínima ideia, mas de qualquer forma eu tenho de achar essa pessoa.
    - Amanhã vamos cedo para cidade em busca de informações, talvez se você disser algo a respeito dela para os policiais eles possam achar essa moça que você diz – diz o velho enquanto mastiga um pedaço de carne.
    - Espero que isso seja realmente possível, consigo me lembrar de qualquer coisa que não esteja relacionado a mim mesmo, isso me deixa muito confuso e esses sonhos agora.
    - Não se preocupe Gregory amanhã será um longo dia para você descanse, desculpe ter feito você esperar tanto para te levarmos lá, posso dizer que a cidade é um pouco distante e não temos tanto dinheiro para gasolina – Lourdes se levanta e vai em direção ao quarto, estava chegando ao fim de mais um dia.
    Deitado em sua cama improvisada no chão da cozinha, Gregory tenta entender alguma coisa de tudo aquilo, sem sucesso, estava perdido em um lugar onde tudo parecia estranho e tão familiar ao mesmo tempo, só poderia ser sua cabeça lhe pregando alguma peça, apesar de gostar dos Micheels ele sabia que tinha de encontrar sua família, afinal se ele desapareceu alguém o estaria procurando ou pelo menos deveria.
    Hora do justo sono, hora de sonhar com a garota de belos olhos mais uma vez.




Capitulo 2
Um novo Caso


    - Ei dorminhoco já é hora de acordar!!!
    Abrindo os olhos lentamente a vista ainda está embaçada, a luz incomoda, no seu campo de visão há apenas um silhueta que aos poucos vai tomando forma:
    - Vamos homem, não temos o dia todo!!!
    Algo bate com força no seu rosto, ainda com o travesseiro no rosto Adrian levanta aos sustos ainda tonto pelo sono e olha seriamente a garota, seus olhos verdes inspiram animação e seu sorriso algo como inocência, logo a expressão seria se transforma em um sorriso recíproco:
    - Já preparei o café não podemos perder tempo, imagina o que nos espera hoje, talvez alguma coisa relacionada a fantasmas ou quem sabe até algum demônio desgarrado por ai que precisamos caçar – A jovem dizia em tom animado enquanto colocava dois pratos e duas xicaras em cima da mesa.
    O detetive se recupera o despertar traumatizante e parte para o banheiro, juntando uma porção de agua nas mãos e as jogando no rosto ele se olha no espelho, quatro anos se passaram mas sua feição continuava a mesma, talvez um fio de cabelo branco teimando em nascer ali ou aqui, mas nada que o preocupasse, afinal a idade chega para todos, seu rosto está mais corado assim como seus olhos agora não parecem mais tão fundos e vazios como antes.
    Se assentando na mesa ele observa a garota que toma café em sua xicara como se fosse pura água, sim lá estava Samantha agora com seus dezesseis anos, se tornara uma jovem bonita, seus olhos brilhavam a cada novo dia, seu cabelo se tornara comprido, um castanho majestoso, de longe não se parecia com a pequena menina indefesa que ele havia resgatado do prédio em chamas a anos atrás.
    Quando resolveu cuidar de Samantha o detetive ainda tinha suspeitas se seria capaz de tal, mas depois de tudo que passou ela seria marcada como um recomeço para sua vida, a chance de tentar fazer as coisas certas, não demorou muito para a mobília da casa ser trocada por algo mais moderno, as paredes agora tinham cores mais vivas, estava tudo renovado assim como o coração do antigo Adrian, um novo homem, um homem que tinha alguém para proteger, ensinar ou simplesmente cuidar:
    - Estava pensando no que nos espera hoje, espero que dessa vez seja algo real.
Adrian havia contado sobre os acontecimentos de Shepared Falls para a jovem, no fundo não sabia se aquilo seria o correto a fazer, mas prometerá a si mesmo que seria o mais verdadeiro possível com ela, isso acabou despertando o desejo e fascínio sobre coisas sobrenaturais na mente da pequena Samantha que estudava assiduamente sobre o assunto, em seu quarto já não tão improvisado era possível ver dezenas de livros:
    - Sinceramente espero que não –Respira fundo o detetive    – Nos últimos anos o que tivemos foi um monte de farsantes ou algum assassino em série louco querendo bancar o possuído, pelo menos assim conseguimos o dinheiro das contas não é verdade?
    - Mas eu queria ter a experiência que você teve, ver o mal de frente como ele realmente é! – os olhos da garota faíscam, era como se a cena estivesse passando em sua mente nesse exato momento.
    - Vai por mim, você não vai querer passar por isso.
    Terminando o café da manhã ambos estão prontos para mais um dia de trabalho, Samantha acompanhava o detetive todos os dias ao seu escritório, seguia de perto vendo os casos, o mistério simplesmente a fascinava, afinal de contas a sua vida em si era um mistério, seus únicos familiares foram mortos no incêndio e de uma maneira inexplicável ela conseguiu resistir sem nenhum ferimento grave até a chegada de Adrian no apartamento.
    Estavam prontos, hora de partir, a jovem vestia uma calça jeans repleta de pequenos detalhes e um tênis escuro assim como sua camiseta, apesar da insistência da garota o detetive se negava a mudar o guarda roupa sempre usando o clássico sobretudo e seus chapéu, esse por vezes era escondido – Sua cabeça precisa respirar as vezes –     Passando pela porta agora estavam rumo ao escritório.
    Mais um dia na imensa cidade central, como sempre a dificuldade para encontrar uma vaga no qual cabe-se seu carro o faziam perder um certo tempo, finalmente estavam a caminho do prédio, chegando próximo da entrada uma surpresa, com seus cabelos grisalhos e um grande óculos de armação está à espera da dupla Edivirges:
    - Me desculpe faze-la esperar, estava um inferno hoje para estacionar – O detetive da nos ombros.
    - Tudo bem senhor Adrian, porque não coloca em um estacionamento como a maioria das pessoas fazem?
    - Não confiaria deixar meu carro aos cuidados daquele cara que fica sentado com uma cara de que se alguém for levar meu carro ele ajudaria no reboque sem pensar duas vezes.
    Ao fundo Samantha faz um gesto com um punho fechado, Edivirges solta uma risadinha, ao olhar o detetive não entende o porquê do riso afinal a garota olhava para um lugar contrário deles, disfarçando talvez.
    Já dentro do escritório pouca coisa havia mudado, o aspecto clássico ainda era bem aparente, cadeiras a grande mesa coberta pelo fino pano verde, os porta retratos da família, com exceção de uma nova mesa mais ao quanto da sala, essa que também havia um computador, Samantha foi em direção e ela se assentando na confortável cadeira, era começado mais um dia de trabalho.
    Sentado em sua mesa Adrian começa a pensar no que seria o ganha pão de hoje, as contas estavam meio apertadas e não havia muito que ficar selecionando qual caso pegar ou não, muito diferente do Adrian de anos atrás, as bebidas simplesmente não existem mais, nova fase tudo novo.
    O dia se passa com nada de importante acontecendo, Edivirges procura por algum tipo de crime misterioso pela internet, enquanto Samantha estuda assiduamente sobre sinais e símbolos pagãos, o detetive sai de sua mesa caminhando até a porta procurando um pouco de ar, quando estava prestes a girar a maçaneta o telefone toca.
    A jovem atende rapidamente a ligação:
    - Samantha Schmitter.
    - A então é você – a voz do outro lado da linha era inconfundível.
    - Sim sou eu mesmo tio Rob – a pausa ao responder indica que o agora então chefe do departamento de polícia havia franzido o cenho, afinal a palavra tio o deixava mais velho.
    - Você faz isso de proposito não?
    - Isso o que? – sarcasmo.
    - Nada minha querida –Risos - poderia falar com o Adrian acho que tenho algo para ele aqui.
    Passando o telefone para o detetive e avisando de quem se tratava ele não perdera tempo em atender, depois do maldito acontecimento Robert havia ficado de certa forma abalado com o que sofrera então decidiu aceitar o cargo de chefe do departamento a dois anos atrás quando lhe ofereceram a promoção, não queria mais correr o risco de ficar longe da família, dos filhos que tanto ama, esse cargo não lhe dava apenas um salário maior, mas sim um pouco de conforto a família ao saber que o chefe da casa não ficaria mais tanto tempo nas ruas assim:
    - Robert, faz um bom tempo não, o que tem para a gente hoje?
    - O nome David Karlingam é familiar para você? – questiona o policial.
    - Como não seria, ele é um renomado e famoso pesquisador, teve diversas participações no desenvolvimento de grandes vacinas e medicamentos, é referência no assunto, mas o que tem ele haver com o caso?
    - Acredite amigo ele é o caso, recebemos um chamado informando que em um apartamento aqui no subúrbio um senhor já fazia um bom tempo que não retornava e decidiram abrir um boletim referente a desaparecidos, viemos investigar e quando chegamos nos deparamos com o corpo de David no chão.
    - Corpo!! – O detetive leva um susto.
    - Sim, ele já estava numa idade avançada ao que tudo indica foi uma morte natural, estamos investigando, mas o que chama a atenção o que um cara do calibre de David estaria fazendo em um lugar desses.
    - E onde que eu entro nessa história afinal?
    - Quero que venha acompanhar comigo dar uma olhada, você é o melhor no que se diz a respeito amigo, posso contar com a sua ajuda?
    - Com certeza, me dê o endereço que já estarei a caminho.
    - Sabia que viria, até breve.
    - Até Roberto. – O detetive desliga o telefone.
    - E então temos algo Adrian? – Samantha esboça curiosidade.
    - Talvez, uma circunstância estranha.
O detetive prepara as suas coisas, coloca o seu chapéu e junto com Samantha vão em direção da saída:
    - Edivirges, se algo importante aparecer me ligue, isso vai ser rápido.
    - Tudo bem senhor Adrian pode deixar nas minhas mãos, divirtam-se – Sorriso.
    Adrian entendia bem o que a sua velha secretaria queria dizer, apesar de tudo e das situações já vividas era o que realmente gostava de fazer, gostava de descobrir coisas de ver de uma forma como ninguém via, apesar de por vezes não admitir, mas quando mais estranha a situação sua vontade o instigava para se dedicar com todas as suas forças, era hora de partir.
    Descendo o pequeno vão de escadas o detetive explicava a Samantha o que estava acontecendo, e o detalhe mais peculiar de tudo aquilo:
    - E se ele estivesse fazendo alguma coisa que ninguém poderia saber?
    - Também pensei nessa hipótese, não sei como que está o lugar mas acho melhor você ficar esperando do lado de fora quando chegarmos.
    - Fala sério, eu vejo coisas bem piores que isso todo o dia na internet, fica frio.
    Dando partida no carro e logo em seguida partindo para os subúrbios Adrian se questionava sobre o que de fato poderia ter acontecido, apesar da grande parte da população ser composta por pessoas de classe média a média alta no sul com o limite a cidade vizinha havia uma região repleta de prédios decadentes e rua sujas, o lugar que todos queriam esquecer que existia, uma mancha na cidade, o que diabos David iria fazer em um lugar daqueles, afinal a pobreza existe em todo lugar só que alguns governos sabem jogar melhor a sujeira para debaixo do tapete.
    Cortando seu pensamento o detetive vira de uma forma meio brusca entrando em uma outra avenida, a garota o olha com seriedade:
    - Adrian não precisa fazer isso todas as vezes que fomos passar por aqui, pode seguir em frente eu já te disse que não ligo.
    O detetive fica corado, afinal aquela rua que ele evitara foi a mesma em que Samantha perdera sua única família a alguns anos atrás, ele simplesmente queria evitar maus recordações na cabeça da jovem:
    - Eu já tenho idade para entender as coisas, e você no final das contas tem cuidado de mim, me protegido e isso já é o suficiente – Ela aperta o ombro do motorista desconcertado e dá um sorriso:
    - Temos de chegar logo vou acelerar mais um pouco – Tenta mudar de assunto.



  



  



    Chegando ao subúrbio e estacionando o carro em uma vaga qualquer, a dupla parte em direção ao endereço indicado por Robert, um grande prédio maltratado está à frente, saltando suas cabeças para fora pela janela era possível ver que aquele era o lugar, diversos curiosos procuravam entender o que estava acontecendo, a faixada era simples e mal limpa e um cheiro forte de frutas podres pairava pelo lugar, o que se destacava eram uma quantidade considerável de carros de polícia até porque o eixo central do caso era nada menos um famoso pesquisador, por conta disso a tamanha curiosidade das pessoas, de certa forma Adrian já entendia que seu amigo desejava deixar esse caso o mais discreto possível, por isso o chamara já que os dois tinham extrema confiança um no outro.
    Entrando dentro o velho prédio o cheiro forte não mudava muito e enquanto subiam as escadas até o quarto andar diversas vezes uma pequena multidão de crianças esbarravam neles, até que então chegaram, na porta de madeira surrada ainda que prestes a despencar havia um número gravado na porta, trinta e cinco.
    Um detalhe chama a atenção, não há faixas de isolamento, a porta está trancada, pelo visto ninguém além de quem não fosse convidado iria entrar, batidas na porta, após algumas tentativas um homem negro de aspecto forte abre a porta, Robert faz um sinal para que entrem:
    - A garota Adrian? – O policial parece não concordar muito.
    - Não tem problema, ela vê isso todos os dias na internet não é verdade – Piscada.
    Ao entrarem Robert fecha a porta rapidamente, e logo viram o motivo, não havia muitas pessoas dentro do velho apartamento, poucos peritos por tiravam algumas fotos do lugar:
    - Disse a eles para não mexerem em nada até você chegar, o que acha que temos aqui meu amigo?
    O detetive caminhava a passos lentos e seus olhos mudavam de uma direção para a outra de uma maneira difícil de acompanhar, um apartamento de pelo menos uns vinte anos que nunca recebera uma reforma descente, o chão era todo forrado de madeira umas rachadas outras faltando um pedaço, no teto em ventilador que balançava quando ligado de tal forma que parecia que iria despencar a qualquer momento sobre a cabeça de todos ali, no meio de um carpete surrado se encontrava o corpo do pesquisador, apesar de tudo sua face era serena como se tivesse tido uma morte tranquila, composto de uma mesa e alguns armários datados essa era a sala que supostamente David fazia o que viera fazer ali, mais alguns passos agora andando em volta contemplando todo o lugar sua mão passa de certa forma alisando a mesa que continham alguns papeis sobre ela, algo que não parecia ser fora do normal:
    - O que acha Samantha? – Pergunta o detetive
    A garota olha institivamente para uma parede:
    - Creio que consegui identificar algo interessante ali.
Robert assim como os outros peritos ficam confusos com as declarações:
    - Então Adrian o que acha?
    - Eu acho que aqui não temos um acidente ou coisa do tipo amigo, acredito que David não morreu de causas naturais ele foi assassinado!









Capitulo 3
Encontro


    Mal o dia amanhece no rancho dos Micheels e todos já estão de pé, como de costume os afazeres vem em primeiro lugar, cuidar do rancho fazia Gregory esquecer um pouco da dor do esquecimento que o assolava, realmente a sorte estava a seu favor, o simpático casal o acolhera bem dentro de casa lhe davam roupas comida então nada mais justo do que ajudar nos afazeres, hoje seria o dia que Findley iria a cidade e juntos poderiam tentar achar algumas repostas.
    A velha caminhonete do casal estava repleto de remendos e fazia um barulho que demonstrava que o motor era persistente em continuar funcionando, os olhos da senhora Micheels lacrimejavam, apesar do curto período de estadia de Gregory ela já o tinha como filho:
    - Não fique assim eu volto para visitar vocês eu agradeço por tudo que fizeram, nunca terei como pagar tamanha bondade.
    - Volte mesmo, espero que fique tudo bem com você – As lagrimas no rosto da senhora corriam solta.
    Um abraço apertado, era hora de partir, entrando na caminhonete os dois partiam rumo ao centro da cidade, apesar do jeito rabugento de Findley ele havia se afeiçoado pelo rapaz, o fato da honestidade e vontade de ajudar foram algo crucial porem tinha algo naquele rapaz que inspirava bondade.
    Enquanto o senhor dirigia Gregory ficava olhando pela velha janela em buscar de tentar lembrar de algo, quem seria aquela linda mulher que ele via todas as noites em seu sonho e que tipo de ligação os dois poderiam ter, estava ansioso por achar respostas sejam elas qual forem.
Aos poucos os grandes prédios iam ficando a vista, o transito começava a ficar mais intenso finalmente estavam perto do centro da cidade, alguns carros mais apressados passavam e buzinavam para a velha caminhonete, como se quisessem demostrar que o senhor Micheels precisava urgentemente trocar de veículo, pouco se importava estava tudo bem assim para ele, agora os prédios tomam sua proporção real:
    - São enormes mesmo – Pensa alto o rapaz
    - Não passam de um amontoado de pessoas furiosas querendo esganar umas às outras, só que fizeram isso de uma maneira mais organizada – ironizava o velho.
    Chegando próximo ao departamento de polícia Findley estaciona a caminhonete:
    - Vamos saber que é você afinal de contas.
    Ambos atravessam a rua e chegam na entrada da corporação, bem acabada por sinal, Gregory olha tudo com muita atenção, como se fosse um garotinho ao andar pela primeira vez no brinquedo favorito no parque, estava maravilhado com tudo aquilo, o movimento de pessoas era grande mas ele não se importava.
    Entrando dentro do departamento ele sentia a agitação das pessoas, dezenas de policiais de cargos administrativos corriam de um lado para o outro, tudo naquele lugar funcionava com base em muita pressa e a grandes quantidades de café afinal:
    - No que posso ajuda-los senhores – Perguntava a recepcionista que se encontrava em um grande balcão a sua frente.
    - Esse garoto, encontrei ele desmaiado no meu rancho e ele perdeu a memória, estamos tentando saber se conseguimos alguma informação sobre ele – explica o senhor Micheels.
    - Entendo, o senhor teria alguma coisa, um documento que possa nos ajudar?
    Meio confuso pela pergunta Gregory simplesmente balança a cabeça em sinal de negatividade:
    - Moça ele chegou sem roupa nenhuma lá, acho meio difícil ter algo assim.
    É possível notar o rosto da jovem atendente mudando de cor:
    - Temos um banco de dados que podemos cruzar com a digital dele, assim podemos tentar identificar alguma coisa relacionada a ele.
    O rapaz se anima em saber que tem a possibilidade de achar respostas, logo Gregory já está em uma com diversas cabines onde tem a sua digital recolhida, um moço de aspecto frágil e óculos discreto faz uma cara estranha ao tentar buscar pela identidade do rapaz a sua frente:
    - O que aconteceu? – Findley parece confuso com aquela situação.
    - Não tem ...
    - Como assim?
    - Esse homem que está a minha frente não tem nenhum cadastro central do registro de pessoas.
Gregory sente a mão ficar gelada, como aquilo poderia acontecer, estava assustado:
    - Vocês poderiam aguardar um momento lá fora, vou ver com meus superiores sobre o que possa ser isso.
    A dois vão para o lado de fora da delegacia, Gregory está visivelmente abatido pelo resultado, como poderia ele não ter se quer uma identidade, havia algo errado, se ele viesse de tão longe talvez não tivesse mesmo registros por ali, então a dúvida se tornava maior ainda, como havia chegado ali do jeito que chegou, enquanto ele pensava e as dúvidas sobrecarregavam a sua mente a visão daqueles que iam e viam o angustiavam – Como com tantas pessoas isso veio acontecer logo comigo, não sei nada sobre mim mesmo, não tenho uma identidade sobre essa vasta multidão – o velho Findley agora fazia algo que pelo seu tipo não era muito comum, ele coloca sua mão sobre o ombro do rapaz e sorri:
    - Fique tranquilo garoto, vai da tudo certo, se não conseguirmos hoje tentamos outro dia, afinal você é bem-vindo em nossa casa.
    O rapaz retribui o gesto de solidariedade, de uma certa forma havia encontrado alguém para chamar de família até tudo se resolver.
    Por um instante tudo aquilo que ficava martelando em sua cabeça perde foco, logo a frente passando junto com a multidão ele avista algo que lhe deixa perplexo, tal perplexidade vem acompanhada de lindos cabelos loiros e um olhar azul como o céu, usando um vestido branco com pequenos detalhes de dobras a garota caminha de maneira indecisa como se estivesse perdida, seria ela a garota que ele sonhara todas as noites, a possibilidade de tal era bem improvável mas sem perder tempo ele sai em sua direção:
    - Tenho de ver algo... – Gregory sai em disparada sem dar chances para o velho Micheels responder nada.
    Coração ofegante, poderia ser ela, a chance de se descobrir poderia estar naquele rosto que tanto sonhava, chegando ao meio da multidão que insistia em trombar com ele a todo instante a mulher some tão magicamente como apareceu, olhando aos arredores o resultado é negativo –    Acho que estou vendo coisas – virando-se ele se prepara para voltar ao centro policial, mais  uma vez a chance de resposta se esvaia entre seus dedos, o mundo para mais uma vez, é como se estivesse passando um filme em câmera lenta, aquela mulher os olhos azuis, o rosto, agora ele podia ver nitidamente, cada detalhe sua pele branca, macia, seus cabelos estavam correndo a favor do vento, em uma súbita recuperação dos sentidos tudo volta à normalidade, ela não estava correndo em vão, estava fugindo, do que , de quem, isso Gregory não sabia mas tinha certeza que tinha de encontrá-la –O que está fazendo ai parado, vamos corra – dizia a si mesmo, não havia tempo para raciocinar o que fazer ou como fazer, tinha de correr, as coisas não pareciam estar bem.
    Em um impulso Gregory vai na direção da garota, tinha de conseguir algumas verdades.






 Continua,,,
Escrito por Leonardo Paulino



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