sábado, 9 de abril de 2016

O meu jogo



    Então aconteceu.
    Cedo ou tarde eu sabia que chegaríamos a esse momento, pois tudo tem o seu pico, o estase máximo até que gradativamente as coisas vão se tornando vans e mornas ao ponto de esfriarem como um corpo já disperso da sua alma.
    Esse jogo nunca foi limpo, não da minha parte pelo menos.
    Mas mesmo assim o gosto amargo fica na minha boca, um gosto que insiste em ficar encrustado mesmo após cinco carteiras do cigarro mais vagabundo ou da bebida mais forte que consegui encontrar enquanto andava e pensava sobre toda essa obscenidade que vivemos.
    Nas mãos de uma prostituta barata eu tento encontrar um pouco do calor que me falta, por alguns segundos eu vejo todos os momentos, deixo os entorpecentes fazerem seus devidos efeitos, tomarem conta de mim, mas tudo se vai quando jogo o dinheiro em suas mãos, seu olhar é de pena.
    Essa terrível mania de colocar o peso de tudo e todos sobre mim, de levar o impacto da bala no lugar das pessoas, de sentir as dores que deveriam ser compartilhadas, tudo para não ver ninguém sofrer, deixem comigo eu sou bom em lidar com essas coisas.
    O que resta agora é escutar aquela velha música que me remete a esses momentos perdidos junto com a minha dignidade, por um segundo eu ainda sinto meu corpo pulsar pedindo por aquilo que não vou ter mais, entre todos os desvios seguir pelo seu caminho foi o melhor mesmo que ainda no final das contas não fosse o certo a se fazer.
    Está na hora de me reerguer do rio de lama, talvez a sujeira faça parte de mim afinal.
    Amanhã é um novo dia, um dia a mais que se passou e o sentimento oriundo continua a me perseguir, me perseguindo até que um dia ele se esvaia mais uma vez.
    Sacudirei a poeira dos resto de você que ficou em mim e possivelmente embarcarei em mais uma jornada, mais um desvio, mais um jogo sujo, sou bom em jogar e por um momento estive com a vitória nas mãos.
    Pena que dessa vez ela se foi de uma forma tão dolorosa, não foi a primeira e dificilmente será a última, mas vou trilhar novos caminhos, seguir a passos mancos sobre essa estrada que não tem um fim determinado por nada que possamos enxergar, a estrada da vida e eu sou um viajante a procura de novas aventuras e um bom colo onde repousar.
    Esse é o caminho que decidi seguir o caminho que vai aumentar a minha carga de arrependimento e de sofrimento, pouco me importa afinal, tudo para que a dor vá embora de alguma forma.
    Alguns se escondem por trás de substancias, outros de palavras, eu apenas vou seguir em frente e viver, por mais que isso custe alguns corações partidos.


Escrito por: Leonardo Paulino 

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