E ae pessoal, a quanto tempo que não trago para vocês uma nova parte dessa historia não é verdade, mas finalmente a espera acabou.
Estou trazendo a terceira parte que conclui o primeiro ato da historia.
E como de costume eu dei aquela revisada marota nos textos corrigindo os erros horrorosos de ortografia das versões anteriores e colocando tudo em um único arquivo PDF para a alegria de vocês (pelo menos eu acho).
Essa versão linda e cheirosa vocês podem baixar por aqui.
E para vocês que não querem fazer o download do arquivo e sim ler online deixo os links das duas partes anteriores.
Mesmo assim recomendo vocês a baixarem o arquivo completo pois esse foi revisto e corrigido.
E claro sem mais delongas a terceira parte que vocês também podem ler mais a baixo;
Desejo a todos uma boa leitura, criticas, sugestões e elogios, todos são bem vindos para me ajudar a melhorar sempre.
Capitulo 7
Consequências
Ainda no helicóptero o som imponente das
hélices predomina, todos estão em silêncio, como se o filme do que acontecera a
pouco não parasse por nenhum momento de rodar em suas cabeças, mas o que diabos
havia acontecido, Adrian olhava para o rosto de Samantha que demonstrava puro desespero,
em uma tentativa de tentar acalmar a garota ele coloca sua mão sobre o ombro
tremulo da menina:
- Vai ficar tudo bem Samantha, logo vamos
estar em casa e dar o fora disso eu te prometo.
- Esse não é o problema – Respiração funda
– como ele foi capaz de sobreviver.
O detetive se sente confuso, na parte de
trás Gregory tem Lilian em seus braços, a respiração ofegante, ainda estava se
sentindo cansado, porem o que o deixava preocupado era o fato da mulher de
cabelos dourados ainda continuar desacordada:
- Entendo o que você acabou de fazer e ver,
não é algo que passamos no dia a dia Samantha, tente se acalmar – Adrian a
abraça.
- Esse é exatamente o problema, aquele tipo
de exorcismo serve para se tirar um demônio de um possuído ou até mesmo matá-lo,
e praticamente não surtiu nenhum efeito, que tipo de demônio poderia ser esse?
- Vamos descobrir, primeiro temos de ir
para algum lugar seguro.
O helicóptero está próximo, rodeando o
grande prédio pousa suavemente, hora de desembarcar, curiosa Victoria pergunta
a jovem Samantha:
- Eu não entendo, pentagramas não seriam
algo satânico ou coisa assim, como que você o usou para tentar afastar aquela
coisa? Seu ato salvou nossas vidas hoje.
- Isso é um engano, o pentagrama em si é um
símbolo de proteção contra o mal adotado pelas religiões pagãs, acontece que a
igreja acabou transformando qualquer tipo de símbolo ligado a essas religiões
em algo ruim, mas a história não é bem assim – explica a garota de olhos
verdes.
Caminhando de volta a sala de Victoria
todos agora estão calados, cada um deles criam suas próprias hipóteses sobre o
que aconteceu, passando pelo corredor é difícil não chamar a atenção dos poucos
privilegiados ao andar presidencial, ainda mais quando se carrega uma garota
desacordada nos braços, demônios ali ao lado deles, Adrian já tinha passado por
uma experiência terrível, mas saber que eles estavam tão próximos das pessoas
que amava lhe dava um medo fora do comum, afinal de contas qualquer um poderia
ser um deles.
Gregory deita Lilian em um grande sofá,
sentando ao seu lado ele permanece ali, como um verdadeiro protetor, sentia
isso, sabia que se tivesse algum objetivo em meio a toda sua mente vazia era de
que tinha de estar ao lado de Lilian.
Enquanto isso os outros três ficam em volta
da mesa de Victoria e tenta achar
algum tipo de coerência em todo o ocorrido:
- Adrian está tudo acontecendo de novo, só
que agora eles estão aqui, você tem noção do que isso significa – Victoria tem
um rosto marcado por medo e preocupação.
- Eu sei disso, e é por isso mesmo que
vamos embora, eu lhe agradeço muito por tudo que fez por nós, mas daqui para
frente vamos seguir sozinhos – O detetive está determinado
- Mas de jeito nenhum, você vai pegar e ir
embora novamente, como fez das outras vezes, sempre correndo, querendo me ver
distante, eu posso te ajudar Adrian.
- Você não entende não é? Eu faço isso
porque quero te proteger, não sei o que faria se algo lhe acontece por minha
causa!
- E porque se preocupa tanto? – Grita ela
com lagrimas descendo sobre seu rosto.
Nesse momento o detetive fica quieto,
abaixa a cabeça, as cenas de sua mulher e filha lhe parecem difíceis de digerir
depois de tantos anos, não queria mais ninguém morrendo por sua causa ou sentir
de novo aquela impotência de não poder fazer nada, e isso servia para todos a
sua volta, as coisas já haviam ficado serias demais:
- Por favor entenda Victoria, só quero o
seu bem, você pode nos ajudar daqui mesmo, ajudando a achar algum tipo de pista
com o alcance que a empresa tem, se algum tipo de acontecimento estranho
ocorrer vocês seriam os primeiros a saber, e eu – dificuldade para falar – eu
me preocupo muito com você, não quero que passe por todo esse pesadelo
novamente, por favor entenda.
Mais uma vez o silêncio toma conta do
lugar, um sorriso:
- Ei Victoria, pode deixar que eu vou tomar
conta desse velho, eu estudei por todos esses anos sobre demônios sei de
algumas coisas que serão bem uteis, pode ficar tranquila vou trazer ele inteiro
para você.
Um sorriso sai dos lábios da mulher de
vestido vermelho, o próximo passo era descobrir alguma pista, alguma coisa que
lhe trouxesse mais informações sobre os malditos demônios, apesar da jovem Samantha
ter um vasto conhecimento, nunca tinha visto em nenhum livro algum demônio
capaz de conseguir sair de um exorcismo praticamente intacto, não daquela
maneira, estariam lidando com o próprio diabo talvez, pouco provável, Lucífer
era egocêntrico demais para agir daquela maneira:
- Entendi ele se auto titular como “rocha”,
algo assim, acredito que isso se refira ao seu dom, afinal sua força era algo
difícil de se ver até mesmo em demônios – Samantha procura puxar na memória
algum demônio que lhe sirva de referência.
- E você acha que podem existir outros
desses? – Pergunta Victoria.
- Provavelmente sim, talvez com algum outro
tipo de dom, de uma coisa tenho certeza, aquele era um demônio do mais alto
escalão.
- E enquanto aos dois ali – Adrian aponta
para o sofá – Talvez eles saibam de alguma coisa que nós não, e claro temos o
papel que lhe pedi para anotar as informações contidas na foto que tirei mais
cedo, essa seria a hora perfeita para analisarmos ele.
O trio caminha em direção da mulher
desacordada:
- Não fomos bem apresentados, me chamo
Adrian – o detetive estende sua mão em um gesto de cumprimento.
- Me chamo Gregory, como conseguiu nos
achar?
- Podemos dizer que eu tenho um amigo da
polícia que me avisou que um cara que não tinha uma boa memória estava
perambulando pela rua com a menina que estávamos procurando, precisamos da sua
ajuda, tem algo que queira nos falar, todos nós inclusive você está correndo
perigo, seria de grande ajuda para todos.
O forte rapaz então relata tudo o que
acontecera, seu despertar na fazenda, os sonhos com Lilian e a perseguição que
teve começo na delegacia:
- Então você ainda não teve nenhum lapso de
memória, sei lá algumas imagens sem sentido – pergunta Samantha
- Às vezes você tem algum tipo de ligação
com a garota, por isso ela estava em sua mente procure lembrar – Completa o
detetive.
Gregory coloca sua mão sobre a cabeça
franzindo o cenho, mas o resultado como sempre é negativo, as memorias insistem
em fugir da mente do rapaz.
Se mexendo de maneira incomoda Lilian
começa a acordar, isso toma totalmente a atenção do rapaz que se vira para ela
com a intenção de ampará-la a qualquer momento:
- Onde eu estou?
- Fique tranquila, estamos em um lugar
seguro – o rapaz tenta acalmá-la,
- Quem são eles, estão atrás de mim também?
– Lilian se prepara para levantar mas a dor no corpo a impede de fazer algum
movimento maior
- Eles salvaram nossas vidas, são amigos.
Victoria pede para que tragam algo para que
a pobre mulher possa se alimentar, enquanto isso a atualizam de tudo o que
aconteceu no momento em que estava desacordada:
- Eu agradeço tudo que fizeram por mim mas
tenho de ir, preciso encontra meu pai ele pode estar em perigo – Silêncio,
todos olham entrem em si como se tivessem escolhendo alguém para dar a triste
notícia, Adrian sentasse ao seu lado.
- Olha Lilian, você tem de ser forte, eu
sinto lhe informar mas David não está mais entre nós.
O rosto da mulher fica estático, como se de
alguma forma quisesse achar alguma saída, daquilo não ser real,
involuntariamente uma lagrima desce pelo seu rosto:
- Esse é o motivo pelo qual estamos aqui,
meu amigo da polícia ligou para mim informando da morte de seu pai e estamos
tentar entender o que aconteceu, seja lá quem fez isso está atrás de você
também, por isso temos de achar algum lugar seguro para você ficar, aqui com
Victoria talvez – Continua o
detetive.
Apesar de todas as explicações, era como se
nada tivesse chegado aos seus ouvidos, seu pai morrera e ela nem sabia
realmente o porquê, mesmo que estivesse agindo de forma estranha a um bom tempo
de nenhuma maneira imaginaria que tudo aquilo culminaria na morte do seu amado
pai, a última visita, o nervosismo, David também temia pela vida de sua filha,
estava tudo claro agora, aos prantos ela é aparada pelos braços de Gregory:
- O papel Adrian – Comenta Samantha
tentando cortar o clima fúnebre que havia se estabelecido.
O detetive pega o papel com cuidado, logo
começa a lê-lo em voz alta para todos escutarem.
Eis que o inimaginável se tornou real.
Os pesadelos vieram à tona, os demônios me
perseguem.
Eles tem medo da realidade vir a público, de que o
seu mundo seja destruído.
Eu sei como o fazer e por isso querem o meu sangue,
mas nunca vão conseguir pôr as mãos no receptáculo, ele faz parte de mim, é
minha vida.
Estou escrevendo essas singelas palavras para que
lembrem que eu lutei para dias melhores, e se você quer fazer do mesmo eu vou
lhe deixar algo.
Mas tenha plena convicção que ao procurar pela
liberdade os demônios vão querer toma-la de você, mesmo que tenham de arrancar
seu coração, esvaziar seus sentimentos, eles vão te encontrar.
Chegada a hora será de provar para si mesmo que é
capaz.
Bem-vindo a estrada escura irmão.
“Os pilares são fundamentais, a junção deles tornam um sentimento
concreto e uma certeza inevitável, dois levarão ao mesmo lugar, mas um antecede
os demais, só quem sentiu pode entender”.
Passando o papel de mão em mão todos tentam
entender o que aquelas palavras possam significar:
- Alguma ideia do que é isso? – Pergunta
Samantha
- Eu até sei, agora como e onde usar ainda
não faço a menor ideia, acredito que seja o que for se trata do legado de David,
algo que ele quer deixar para quem esteja disposto a continuar essa tal busca
pela verdade – Reponde Adrian.
- Ele também me deixou uma carta – Responde
Lilian com os ânimos mais calmos.
- Poderia ler para nós? – Pergunta Victoria
de maneira amigável – Sei que o momento não é o melhor possível, mas qualquer
coisa seria de grande ajuda para nós.
Lilian confirma com a cabeça, tira de seu
vestido o envelope já surrado e começa abri-lo, uma dor corta seu peito, saber
que aquelas eram as palavras deu seu pai para ela, um aviso talvez, algo que
ela precisava saber ou o que fazer, uma coisa era certa, seu pai sabia que a
morte lhe cercava.
Tenho pouco tempo para lhe dizer tudo que queria
meu anjo, sinto por ter te colocado nessa situação, mas papai precisava ir até
o fim, caso esteja lendo essa carta provavelmente eu nem esteja mais com vida,
mas quero que saiba que te amo muito e espero que um dia me perdoe, me perdoe
por tudo que lhe fiz e posso lhe fazer passar no futuro, foi tudo por uma causa
na qual você ainda não é capaz de entender, mesmo assim me sinto culpado por
tudo.
Queria que sua mãe estivesse ao seu lado nesse
momento, uma pena que a morte foi injusta conosco e nos tomou nosso maior
tesouro.
Tenho um pedido para lhe fazer de toda minha alma,
quero que procure um velho amigo meu chamado Valentin Strauss, não confie em
ninguém, quando digo ninguém meu anjo digo até mesmo a polícia, não perca
tempo, Valentin irá te ajudar ele está a par de tudo.
Mais uma vez me desculpe por isso minha querida,
seu pai te ama muito e é capaz de tudo para te ver bem...
Com as lagrimas caindo sobre o papel Lilian
termina de ler a última carta que seu pai lhe escreveria, um pouco mais em
baixo na carta estava o que parecia ser um endereço, o pedido de seu pai soava
desesperado como que temesse pela segurança do seu “maior bem”:
- Posso dar uma olhada? – Pergunta o
Detetive
Pegando o
papel ele tira uma foto do suposto endereço:
- Já temos um lugar para onde ir então,
esse tal de Valentin vai poder nos ajudar com mais pistas, talvez saiba onde
devemos ir para encontrar o legado de David – Adrian pensa alto, a jovem de
cabelos loiros puxa o papel de sua mão.
- Eu acho melhor que vocês duas fiquem aqui
com Victoria, seria melhor que eu e Adrian fossemos ver ao certo sobre o que
está na carta – Indaga Gregory.
- Não é uma má ideia, assim vocês ficariam
seguras, muita gente junta pode chamar a atenção – concordar o detetive.
- Mas que ideia machista, de forma alguma
que vamos ficar aqui – Samantha faz cara feia – vocês precisam da gente, como
vão lidar com um demônio caso vejam algum em.
- Além do mais essa carta é para mim, você
acha mesmo que esse tal de Valentin deixaria um estranho entrar seja lá onde
for, ele está me esperando não vocês – retruca Lilian.
- Isso faz sentido – concorda Adrian – mas
depois de encontramos Valentin você ficará com ele Lilian, pelo menos até
entender o que estamos enfrentando, e isso vale para você também Samantha – Ela
vira os olhos – afinal de contas isso não é lugar para uma garota da sua idade.
Victoria vê no rosto do detetive uma
preocupação de pai, algo que para ela era inédito, por um momento ela não
consegue pensar em mais nada além da situação, da forma que estavam as coisas,
era um sentimento involuntário, compaixão:
- Então vamos, talvez esse cara saiba
alguma coisa da minha ligação com Lilian – Gregory olha para os olhos azuis da
jovem – Eu também preciso de resposta e quero entender como tudo isso veio
acontecer.
Fazendo os
últimos preparativos para a saída, Victoria fica encarregada de tentar
encontrar alguma coisa sobre o legado de David enquanto os demais vão seguindo
em direção ao endereço que levaria ao homem de confiança do médico que ajudaria
sua filha caso tudo desse errado.
- Adrian !!- Grita Victoria
Correndo em sua direção ela lhe dá um
beijo:
- Fique bem e por favor dessa vez volte e
fique aqui comigo.
- Eu vou fazer possível pra isso – fala o
detetive corado enquanto escuta pequenas risadas de seus amigos.
- Tá mandando bem em Adrian – brinca
Samantha.
Ambos agora vão em direção ao elevador,
Gregory toca o ombro de Lilian:
- Seja quem for que fez isso com seu pai,
nós vamos acha-lo;
- Obrigado – Do rosto da linda mulher sai
um sorriso sincero e de confiança.
Alguns minutos após a morte de David no
apartamento ......
- Então você realmente o fez David, nunca
duvidei que fosse capaz, mas para que chegar a esse ponto, te oferecemos tudo
para desistir, mas você não o fez, teve de ter esse final trágico – balançando
a cabeça – e agora sua filha está em perigo – caminhando lentamente ele retira
um livro da prateleira – Eu vou ficar com isso se não se importa, uma pena
David, uma pena.
Capitulo 8
Valentin
Strauss
Alguns minutos depois de sair do grande
prédio os quatro já estavam dentro do carro do detetive seguindo em direção ao
endereço de Valentin, com a ajuda do GPS seria extremamente fácil encontrar o
lugar, Adrian tinha de dar o braço a torcer, realmente a tecnologia era muito
útil em sua profissão:
- Estão bem confortáveis ai – Pergunta ele,
Gregory e Lilian fazem um sinal de positivo com a cabeça.
Samantha começar a buscar na internet
alguma coisa relacionada a Valentin, apesar de parecer algo simples Adrian havia pedido para tirar uma foto da
carta de Lilian para evitar que ela tivesse de se deparar com a despedida de
seu pai novamente, ele conhecia a dor de perder alguém querido da família e não
desejava essa dor para ninguém.
- Valentin Strauss – Samantha começa a ler
um texto encontrado na internet em voz alta – Um renomado pesquisador e
arqueólogo que ultimamente anda se dedicando a estudos sobre o inexplicável,
teve algumas participações em documentários do qual relata com clareza fatos
que nos colocam em dúvida se somos ou não manipulados pelo poder público, um
conspirólogo que tenta provar a teoria do controle das massas.
- Um louco, ótimo era tudo que precisávamos
– diz Adrian sarcasticamente.
Mas até que ponto isso não seria verdade, a
alguns anos atrás aquilo soaria como um idiotice de um velho gaga qualquer,
porem hoje ele poderia se considerar tão louco quanto aquele cara poderia ser,
a vida muda as pessoas.
- Lilian você tem alguma ideia de quem seja
esse homem – pergunta o detetive
- Eu só ouvi meu pai falar algumas vezes
dele, mas nunca o vi, provavelmente deve ser um grande amigo pois meu pai me
confio a ele.
- Entendo... – ele a encara pelo
retrovisor.
Mais uma vez uma garota confusa estava em
suas mãos, apesar do tempo Adrian lembra como se fosse naquele instante a
primeira vez que havia visto Victoria, confusa e com medo, hoje ela era uma
mulher totalmente diferente, era madura, decidida, talvez depois que tudo
aquilo acabasse, talvez um recomeço, logo as ideias fogem de controle, sangue,
morte, tudo vindo à tona novamente, aquelas malditas lembranças que não
cansavam de lhe pegar de surpresa nas horas mais inoportunas possíveis.
Um dor forte, a cabeça parece borbulhar por
dentro, Gregory grita de dor, assustando seus companheiros, visões, azul, um
frio que toma conta de seu corpo, flashes rápidos, pessoas a sua volta, alguém
lhe aponta o dedo, uma fuga desesperada, mais dor:
- Você está bem? – Pergunta Lilian
preocupada.
- Sim estou – reponde ele com dificuldade
para abrir os olhos.
- A memória dele deve estar voltando, por
isso as dores de cabeça, é questão de tempo até ele lembrar de tudo Comenta
Samantha.
Nesse momento passa pela cabeça da linda
mulher de cabelos loiros, a mensagem do seu pai, estava a algumas horas junto a
ele, a despedida desesperada da qual ela não conseguiu sequer dizer um adeus,
logo após o rapaz desconhecido e o desmaio, quando acordara estava cercada de
estranhos, na carta de seu pai dizia claramente para não confiar em ninguém,
mas que escolha tinha, sabia que sozinha não seria capaz de lidar com toda
aquela situação, afinal será que seu pai tinha realmente noção de com quem
estavam lidando, o brutamontes que destruirá seu carro e a perseguira, no final
das contas tinha de confiar em alguém, precisava achar as respostas para a
morte de seu pai, era algo difícil de fazer sozinha em meio a tudo que estava
acontecendo.
- Bom, chegamos – anuncia Adrian,
O grupo sai do carro do detetive e
vislumbram o que parece ser uma das partes mais calmas da cidade, ao contrário
do simples quarto de hotel onde David havia sido assassinado aquele lugar
inspirava um pouco mais de luxo, sem a correria do centro, mas com um toque de
classe, a faixada do grande prédio dava um ótimo comitê de boas-vindas, sua
calçada de mármore tinha um acabamento liso e fino, uma grande porta dupla
feita de um grosso vidro era o portão de entrada:
- Ele pode ser louco, mas tem bom gosto –
Comenta Adrian.
Adentrando no luxuoso edifício é possível
ver um longo carpete vermelho que os guiaria para um dos quatro elevadores do
lugar, ao dar o primeiro passo uma mulher de cabelos negros e um sorriso que
dava a demonstrar ter muito mais dentes do que uma boca normal comportaria os
recepciona:
- No que posso ajudar os senhores?
- Queríamos falar com Valentin Strauss,
somos convidados – Reponde o detetive.
- Preciso das identificações de vocês por
favor.
Nesse momento Gregory paralisa, ele mal
sabia quem de fato era, não tinha a menor ideia de onde viera, de onde tiraria
documentos para entregar a moça sorridente, ao olhar para os amigos ele percebe
que essa agora era uma preocupação de todos:
- Apenas diga que Lilian Karlingam está
aqui, não temos tempo a perder é muito importante, avise que foi meu pai quem
me mandou aqui.
- Desculpe senhorita, mas são as regras – A
recepcionista ainda tenta manter o largo sorriso.
- Olhe para o meu estado, você acha mesmo
que eu tenho algum documento aqui, apenas ligue para ele e avise da minha
chegada, se ele não quiser nos atender vamos embora – Lilian tenta mostrar
estar irritada com a situação, afinal o nome Karlingam ainda deveria ter algum
peso no que eles gostam de chamar de alta classe.
Mesmo contrariada a atendente faz o que a
aquela “garota mimada a pede”, alguns minutos depois ela retorna:
- Ele disse que podem subir, me desculpe o
incomodo, vigésimo andar. – Seu semblante era de vergonha.
Seguindo em direção a mais um elevador Gregory
sorri para Lilian com uma mistura de graça com agradecimento, respirando fundo
agora o grupo começa a subida em direção ao apartamento de Valentim, ao
elevador chegar no andar designado eles vislumbram uma única porta:
- O cara tem um andar só dele – Comenta
Samantha surpresa.
Chegando a porta de fino acabamento Lilian
toca a campainha ao lado, alguns segundos depois por uma pequena portinhola
aparecem dois olhos castanhos:
- Meu pai me disse para lhe procurar, que o
senhor poderia me ajudar.
- O cara de sobretudo, traga ele aqui perto
– Responde uma voz firme e grossa.
Sem entender ao certo o que estava
acontecendo Adrian se aproxima, seus olhos ficam rentes aos que estão do outro
lado, alguns segundos depois um pequeno jato de água encharca seu rosto:
- Mas que diabos é isso – Adrian parece se
afogar ao tentar se desvencilhar da agua em seu rosto, levantando boas risadas
dos demais.
Algum tempo depois eles escutam como se
fosse diversas fechaduras sendo abertas, a porta se abre, a frente deles está
um velho de cabelos brancos e ondulados, seu rosto tem a marca da idade, no
mínimo uns sessenta anos:
- É agua benta amigo, vamos entrem logo.
Já dentro do gigantesco apartamento, ao se
virarem veem o velho Valentin colocar de maneira rápida todos os trincos
rapidamente, atrás da porta um pentagrama desenhado, todos agora concordam de
maneira unanime a loucura daquele senhor e também que Samantha estava certa ao
falar sobre o símbolo pagão:
- Desculpe o mal jeito, mas sabe como é,
David ficou de me mandar a filha e do nada me aparecem mais três pessoas, então
pensei que talvez fossem demônios.
- É porque teve de molhar logo a mim –
Pergunta o detetive irritado.
- Não sei, você era o que tinha mais cara
de possuído – o velho dá uma longa gargalhada.
- E agua benta realmente funciona contra
demônios? Pensei que isso era algo criado pelos filmes – Adrian diz enquanto
ainda tenta se secar.
- Claro que funciona – Reponde o velho –
Tem muitas coisas que você precisam saber, venha comigo, eu arrumo uma toalha
para você.
Seguindo Valentin eles vão em direção ao
que seria seu escritório, o lugar com um papel de parede que queria passar a
falsa impressão que o lugar todo fosse feito de madeira, porem o carpete verde
fazia lembrar mais o que seria um campo de golfe, os moveis decorativos
lembravam muito os vistos no apartamento de David, assim como sua quantidade de
livros, a mesa funcionando como clichê para ficar abarrotada de papeis:
- Então minha jovem como David está? –
Pergunta Valentin
Abaixando a cabeça Lilian não consegue
dizer uma única palavra, Valentin apoia as mãos em sua mesa:
- Então ele foi até o fim de qualquer
forma, sinto muito querida, seu pai era um grande homem.
- Estamos sendo perseguidos – Começa a
explicar Gregory – Quando a encontrei ela estava desesperada, haviam demônios
atrás dela, quando estávamos prestes a ser pegos, Adrian e Samantha apareceram,
eles a querem a qualquer custo.
- Entendo, e você meu rapaz quem é?
- Isso é uma boa pergunta, pensei que
talvez você soubesse de algo, perdi minha memória e a única coisa que consigo
me lembrar é de Lilian, como o pai dela a mandou para cá pensei que talvez eu
tivesse alguma ligação com você.
- Eu nunca te vi meu rapaz, isso é muito
estranho faz quanto tempo isso?
- Alguns dias porquê?
- Talvez você seja um ET – Ri Valentin –
afinal de contas vocês sabem que eles existem e estão no meio de nós não é
verdade? – O grupo o olha com uma cara que ficava evidente a interrogação –
Qual é pessoal, você acreditam em demônios, seres do inferno, mas em ETs não?
Adrian tira o papel do bolso:
- Ele nos deixou isso, você saberia de
alguma coisa que David talvez tenho guardado, a coisa na qual ele se refere
nesse bilhete como receptáculo?
- Vai com calma cara eu era amigo dele e
não mulher, eu vou lhes explicar o que ocorre, em nossa sociedade vivemos em
meio a forças muito maiores, vivemos em função de um objetivo maior, tanto para
o céu quanto para o inferno, o que acontece meus amigos, é que essas pragas
estão tomando o poder, cargos políticos, presidência de grandes empresas, eles
estão em todo o lugar e podem ser qualquer um de nós, quando eles querem agir
nada os pode impedir entende, por isso David pediu para que a jovem Lilian
viesse aqui para esse apartamento, eu tenho algumas formas de lidar com eles –
Ele agora dá a volta e fica cara a cara com os quatro – Por isso David disse a
Lilian para não confiar em ninguém, os demônios podem entrar no corpo de
qualquer um de nós, e fazer-nos cometer os piores atos, ou você acha que tudo
que acaba indo para televisão, internet é exclusivamente obra do homem, não
digo que o presidente chega a ser um, mas as coisas não estão muito difíceis de
chegar a esse ponto.
- Ele deixou uma carta para mim dizendo que
o senhor me ajudaria – Lilian se sente chocada com a quantidade de informações,
ontem seu pai era um homem bem resolvido e hoje foi morto por um demônio.
- David sabia que eu tinha meus métodos de
lidar com essas criaturas, seu pai estava envolvido em algo grande, algo que
poderia mudar o rumo das coisas e eles não gostam quando isso acontece –
Valentin começa a juntar os braços.
- E o que seria essa grande coisa saberia
nos dizer – Samantha pergunta.
- É algo que mudaria nossas vidas com
certeza, estão sentindo esse frio, acho que a porcaria do ar deve estar com
defeito.
De certa forma, Valentin tinha razão, um
frio súbito tomava o lugar, aos respirar era possível ver o ar gelado saindo de
suas narinas, o frio se tornava cada vez mais forte, como se o inverno
estivesse acontecendo ali dentro naquele momento, assustado o velho corre para
a porta do seu escritório e a tranca:
- Eles devem ter nos achado – nervoso ele
abre a gaveta e pega uma arma, assustando os demais.
- Ei cara vai com calma – tenta acalma-lo
Gregory
- Vocês não entendem, isso é um sinal,
sinal que algo ruim está se aproximando, vamos me ajudem a empurrar a mesa.
Apesar de acharem que o velho estava tendo
algum tipo de ataque resolvem cooperar, até porque quem estava com a arma na
mão era ele, juntos empurram a pesada mesa em direção a porta, conforme o tempo
vai passando o frio se torna cada vez mais insuportável, fica visível que
realmente alguma coisa estranha estava acontecendo, o grupo sentem seus corpos
tremerem por vontade própria:
- Como ele conseguiu passar pelo pentagrama
– se questiona Samantha.
- É o que estou dizendo, nunca vi algo
desse tipo, eles conseguem transpassar tudo que conhecemos sobre espíritos
malignos – Reitera Valentin.
Com a mesa tampando a porta todos se
encostam mais ao fundo na sala, Samantha pega novamente seu colar enquanto
Adrian saca sua arma, todos estão com a atenção na porta, silêncio, uma batida
brusca os assusta, as armas estão apontadas esperando para disparar em seja lá
que passar pela porta, mais uma batida brusca, Lilian abraça Gregory, seu corpo
está gelado como o de um cadáver.
Após mais algumas batidas o silencio volta
ao lugar:
- Estão procurando outra forma de entrar –
Diz Adrian olhando ao redor da sala.
- Impossível, essa sala é revestida de puro
chumbo.
- Acredite em mim, hoje eu encontrei um
cara que chumbo para ele seria algo como uma folha de papel.
De repente um barulho diferente chama a
atenção, é como se algo estivesse sendo congelado, ao olharem para a porta ela
estava mudando de cor, de forma, estava sendo coberta por uma fina camada de
gelo, poucos segundos depois ela estava totalmente congelada.
Um estrondo que arremessa a pesada mesa a
alguns metros, do lado de fora do escritório uma neblina azulada encobria de
tal forma que a única coisa visível era a uma pequena sombra, essa que caminha
a passos lentos, a frente deles agora se encontra uma pequena menina, de no
máximo 9 anos, seus cabelos são grisalhos e sua pele tem um tom azulado como se
a neve a tivesse consumida a muito tempo, seu vestido branco continha alguns
rasgos e seus olhos negros fixavam o grupo.
- Demônio maldito – Grita Valentin indo em
direção ao a menina disparando incessantemente, quase no mesmo instante ele
sente seu corpo enrijecer.
Olhando fixamente para o velho, antes que
as balas pudessem tocar seu frágil corpo de criança elas congelam e caem sobre
o chão como blocos de gelo, os passos dela vão em direção a Valentin que começa
a sentir que agora todo o seu corpo está congelado, a respiração se torna quase
impossível:
- Tirem Lilian daqui – Tenta dizer com
dificuldade.
- Vai Gregory, leve ela, nós vamos ajudar o
velho – Grita Adrian.
Pegando Lilian pelo braço o jovem rapaz sai
em disparada tentando passar pela única saída possível, ao ver a movimentação
em um movimento inumano a pequena menina de gelo aparece na frente deles:
- A garota! – Soa como um sopro a voz da
menina demônio
Desesperado Gregory tenta partir para cima
da garota, com um suave movimento de mãos ele sente uma força invisível que o
arremessa em cima de uma das prateleiras derrubando-a junto com seus livros;
Caminhando em direção a Lilian o demônio
está prestes a toca-la quando algo a incomoda, Samantha começar a reza de
exorcismo que havia usado anteriormente, enquanto isso o corpo do velho
Valentin terminava de se congelar completamente, irritada o demônio de gelo
parte na direção de Samantha, disparos, Adrian começa a disparar na direção da
menina, mas sem o menor efeito, agora Samantha também é arremessada a alguns metros:
- Não !! – Grita Adrian enquanto parte para
cima do demônio tentando proteger sua única família.
Samantha olha para Lilian e Gregory e fazem
um sinal para que eles partam, se recuperando do ataque sofrido, o jovem segue
com Lilian para fora do escritório, ao olhar novamente para o detetive,
Samantha sente seu coração palpitar como nunca antes, a sua frente Adrian
definha com o corpo quase congelado, estava prestes a ter o mesmo destino de
Valentin, seu olhar era fixo, como se tentasse de forma desesperada pedir para
que Samantha corresse, uma lagrima desse do seu olho, o fracasso tomando conta
de si, ao ver a cena a jovem aprendiz fica desesperada:
- Adrian, não, não, Adrian.
Os olhos do detetive estão já quase sem
brilho, a hora do adeus tinha chegado de uma forma tão inesperada, seu pai
adotivo que a tirara das chamas a quatro anos atrás estava tendo o seu fio de
vida cortado por aquele demônio em forma de menina.
Samantha sente sua cabeça doer:
- Pai! por favor pare com isso, ele é tudo
que eu tenho – Ela olha desesperada
tentando achar o seu colar, mas esse agora está quebrado em diversas partes, o
desespero, dor, sua cabeça está borbulhando, um grito ensurdecedor chama a
atenção do demônio que se vira para ver de onde aquele som estava vindo, os
gritos de Samantha ecoam por todo o apartamento, os moveis começam a balançar,
livros são jogados de um lugar a outro, os vidros mais próximos estouram, seu
corpo está fora de controle, ao olhar para o demônio de gelo sua fúria culmina
na sua direção, a pele do espirito começa a se deteriorar, descascando como se
uma cobra tivesse fazendo a troca por uma nova pele, por um instante o demônio
se sente assustado, tenta fugir, porem isso não é mais possível, enquanto os
gritos de Samantha ecoam por todo lugar, os músculos e ossos do corpo dominado
pelo mal do gelo começam a se esfarelar, alguns segundo depois não havia mais
uma menina demônio e sim um monte de cinzas que se espalhavam com o vento,
estava morta.
Samantha continua a gritar destruindo tudo
a sua volta, o corpo de Adrian finalmente cai no chão imóvel, aos poucos a
menina de lindos olhos verdes começa a recobrar a consciência, está fraca, o
mundo gira em sua volta, não acreditava no que tinha acabado de fazer,
caminhando ela chega próxima do corpo do detetive, seus lagrimas correm pelo
rosto sem nenhuma timidez, ao se ajoelhar em frente ao corpo gelado do
detetive, o choro aumenta ainda mais:
- Não se vá, por favor, eu preciso de você
– Ela bate algumas vezes no peito de Adrian.
A tontura volta, a perca dos sentidos,
Samantha desmaia em cima do corpo gélido de seu pai.
Como em um último gesto de afeto os dois
agora estão de certa forma abraçados, uma despedida singela talvez.
Continua...
Escrito por Leonardo Paulino
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